Enoteca Pinchiorri, como é jantar no único restaurante da Toscana com 3 estrelas Michelin

Saiba como é a experiência de jantar no único restaurante da Toscana com 3 estrelas Michelin, a Enoteca Pinchiorri, sinônimo de excelência na Toscana.

A Enoteca Pinchiorri é o único restaurante 3 estrelas Michelin da Toscana, e conhecido pela sua excelência e perfeição tanto nos pratos, quanto no atendimento. O restaurante é de propriedade de Giorgio Pinchiorri e Annie Féolde (francesa) que é a executive chef. É no piso térreo de um antigo palácio do século 18, agora um hotel Relais & Chateau, o Relais Santa Croce (conheça aqui), e foi inaugurado em 1972. O restaurante ganhou sua primeira estrela Michelin em 1982, já a segunda em 1983, e a terceira em 1993. Uma raridade nos anais da Michelin, pois perdeu sua terceira estrela em 1995 e, em seguida, recuperou em 2004.

Na prática, hoje os pratos são mesmo feitos pelo executive chef Riccardo Monco e chef Alessandro della Tommasina e chef pasticcerie Luca Lacalamita. O restaurante é composto de cinco pequenas salas de jantar, com capacidade para cerca de 75 clientes no total. 

O ponto alto desta Enoteca que virou restaurante é mesmo a adega, considerada a mais valiosa da Toscana (se não da Itália), com mais de 70.000 garrafas que Giorgio Pichiorri coleciona a mais de 50 anos, com profunda cobertura de muitos clássicos e vários vintages. Há alguns rótulos históricos, como uma garrafa do primeiro Tignanello vintage, assinada pelo Sr. Antinori, e Matusalém de Romanée Conti 1985. O valor do conteúdo desta adega dificilmente contabilizada, foi avaliada por um jornal italiano em mais de € 100 milhões. 

Quanto ao menu, os pratos são de altíssimo nível, no site você pode ver o menu de antipasti (entradas, de €60 a €95), primi piatti (as massas, de €70 a €95) e secondi (prato de carnes ou peixes, de €85 a €95), e dolci (sobremesa, de €30 a €35). Há ainda a possibilidade de escolher os menus “degustação”, como o “scoperta” de €225 e “contemporaneo” €275, além de outros apresentados no menu.

Como no dia 10 de março foi meu aniversário, eu aproveitei a data para ter um jantar especial com meu marido na Enoteca Pinchiorri. Vou então contar um pouco dos pratos que degustei neste dia, sempre lembrando que, como sempre escrevo nos meus textos sobre restaurantes, este não é um review, porque eu não sou uma crítica gastronômica, deixo esta parte para aqueles que fazem este trabalho, sou apenas uma apreciadora de uma boa gastronomia e que adoro provar restaurante por aqui.

Como é o jantar na Enoteca Pinchiorri:

Devo confessar que sim, é um restaurante caro, mas ao menos posso dizer que jantar na Enoteca Pinchiorri é e foi uma emoção e uma descoberta interessante em cada prato. Hoje a maioria dos restaurantes nos tentam surpreender com pratos extremos e nomes improváveis. Não aqui, tudo está no seu lugar: a elegância, o acolhimento do staff e a suntuosidade do edifício. Pinchiorri  se manteve fiel a si mesmo por mais de 40 anos, com uma adega e uma cozinha que fizeram seu nome. Aqui a hospitalidade faz a diferença, jantar ali é como ir uma noite de gala, em um evento onde você está no mesmo tempo hospede e espectador.

No vídeo abaixo eu mostro os pratos que degustamos:

Pra começar decidimos escolher o menu degustação, que incluía 7 pratos, o “scoperta”.

A Carta dei Vini (menu de vinhos) é muito mais que um livro, deve pesar em torno a 5kg, é enorme, o vinho mais barato que eu encontrei era de € 95, e não havia praticamente nem vinho mais, abaixo de € 150. O menu de vinhos ainda tinha opção de degustação que começa a partir de €250 euros com vários cálices de vinhos finos.

Mas antes da Carta dei Vini, nos é apresentada a Carta delle acque, ou seja, o menu de águas com preços a partir de €10, até €150, e devo dizer que era extensa, e para mim foi uma surpresa, primeira vez que vi algo na Toscana (havia ja visto na França, mas não é costume na Itália).

Nos foi servido alguns amuse bouche, que por mais uma vez, eu não anotei o nome (deixa eu aproveitar meu momento aniversário ne?), servido com um delicioso espumante.

Como eu sou intolerante a alguns alimentos, eu tive alguns pratos modificados, e por isso vocês vão ver que são diferentes do meu marido. Na verdade o menu degustação deve ser o mesmo de todos na mesa, mas neste caso, a mudança foi sugerida pelo chef por causa da minha intolerância.

A entrada do meu marido foi uma galantine de galinha d’angola com tâmaras, cenoura, beterraba e funcho, já a minha, que estava magnífica foi capesante (viera do mediterrâneo), mousse de polenta levemente defumada, e crosta de queijo, que foi um dos pratos mais deliciosos realmente que eu já comi na vida, de um sabor único. As vieiras que têm um sabor leve, casou perfeitamente com a polenta defumada.

Galantina di faraona e datteri, giardiniera tiepida di barbabietole, carote e finocchi

 

Noci di capesante, spuma di polenta leggermente affumicata, crosticina di parmiggiano

Como segunda entrada, uma sopa de peixe cantarilho cozido ao vapor, com crocante de amendoim, com couves de Bruxelas e rabanete. Uma entrada que estaria bem como um segundo prato, porque como o pedaço era grande e a sopa bem saborosa, mas ao mesmo tempo nutriente.

Zuppa di pesce con filetto di scorfano al vapore e poi croccante, con cavoletti di bruxelles alle arachidi

Tivemos ainda uma terceira entrada, que é já famosa do local, e que eu já havia lido um pouco sobre ela em outros blogs, uma espécie de ovo “in camicia” e depois frito, maionese de rábano, salada de chicória, creme de pão de anchovas e redução de alcaçuz. No vídeo você pode ver eu cortando o ovo, perfeito, líquido dentro, mas com a casca crocante, de uma delicadeza, e sabor incrível.

Uovo croccante, maionese al rafano, insalata di puntarelle, crema di pane all’acciuga e riduzione di liquirizia

O nosso prato de massas foi um spaghetti alla chitarra, um espaguete cortado finemente, com frutos do mar (vieiras, camarões e mexilhões) com bottarga (ovas) de tainha. Devo confessar que este foi o prato que menos nos impressionou. Era muito saboroso, mas não esperava em um restaurante desta categoria, um prato simples como esse. na minha humilde opinião, único prato que não representava o restaurante.

Spaghetti alla chitarra con frutti di mare e crostacei, briciole di pane e bottarga di muggine

Depois foi a vez das carnes, ela é uma carne de porco do tipo maialino di razza Mora Romagnola, cozida no espeto, com creme de grão de bico, molho verde e aspargo branco e rabanete. A carne era incrível, macia, com uma pequena camada de gordura crocante, perfeito.

Maialino di razza Mora Romagnola allo spiedo, radice di prezzemolo al cartoccio, salsa verde e limone

A outra carne foi um contra filé de cordeiro assado com pontas de aspargos e creme de aspargos. A versão do meu marido tinha um pudim de grão de bico, mas eu não pude comer por causa da minha intolerância alimentar. A carne era macia, cozida a perfeição (eu acho super difícil encontrar o ponto certo do cordeiro), e as pontas de aspargos foram passadas na gordura (lardo), dando um sabor ainda mais particular ao prato, muito bom!

Controfiletto di agnello arrosto, punte di asparagi al lardo

Um dos membros do staff, trouxe até a nossa mesa um carrinho de queijos italianos. Dizer não foi difícil, visto que eu amo queijo (como boa mineira), mas realmente, eu sabia que vinha 2 doces e achei melhor manerar… mas o carrinho era bem convidativo.

carrinho de queijos

Aí teve a surpresa! Meu marido ligou antes ao restaurante e avisou que era meu aniversário, e pediu que me fizessem uma sobremesa especial para marcar a data, e de repente, a luz apaga e eu completamente envergonhada, tive que soprar a velinha (momento mico no vídeo), imagina, todo mundo olhando pra mim! Estava escrito “auguri Deyse”, ou seja, parabéns Deyse.

Tartellette de chocolate con frutta di bosco

E eu não comi logo não, porque eles foram cortar a tartellete e primeiro trouxeram o pre-dessert, que era uma gelatina de laranja, com sorbetto (um sorvete mais leve) de bergamotto (um tipo de limão). A sensação de comer esse pre-dessert era de estar comendo um pedaço de tangerina, a consistência era de uma tangerina…. incrível! Depois deixa um frescor na boca delicioso.

Pre-dessert – gelatina di larancia e soberbetto di bergamotto.

De sobremesa foi servido uma diferente para cada um de nós, acredito que a minha (visto que eu já estava chegando ao meu limite) foi escolhida porque mais leve. O meu era uma delícia de limão com pó de café, era muito delicado, e esta parte branca que vocês podem ver na foto abaixo, se desfaz na boca, deixando somente o gosto suave do limão.

Delizia di limone con polvere di caffè

Já ao meu marido foi servido um doce com maçãs douradas, melaço e limão cristalizados, com um desenho no prato que lembrava uma fava de mel, além de bonito, esplêndido.

Miele dall’alveare: mele golden, melassa e limone candito

Quando eu pensava que já estava acabando, eles trouxeram o meu doce de aniversário, de chocolate e framboesa, com lascas de chocolate branco, era um pouco mais rígido do que eu imaginava, mas bastante saboroso.

Foi servido ainda 3 docinhos, um era uma meringa com uma nuvem de yogurte, tartufino líquido e biscoito com água de rosas e chocolate, junto com o Menu di licori e amari, com várias opções de licores, conhaques, etc, era outro “livro”, com um mundo de opções, acabamos não optando porque estávamos satisfeitos, mas era tentador!

E decidimos pedir um café… e o que vocês acham que eles nos trouxeram? O Menu di caffè e tè (menu de café e chàs) de 11 páginas, claro! Havia café de todo o mundo, inclusive de Minas Gerais, que por curiosidade, era o que o tio do meu marido importa do Brasil  e vende aqui na Itália. Mas o preço não é brasileiro não…(risos).

Aí, quando eu pesava que havi chegado ao ápice, junto com o café, veio a mesa de chocolates, com vários tipos de chocolates com ervas, pistache, amêndoas, rosas, etc… difícil foi escolher porque as opções eram tantas… acabei escolhendo o chocolate branco com pistache, e com earl grey.

E assim terminamos essa noite deliciosa, cheia de surpresas e emoções gustativas. O serviço foi excelente, com uma abundância de garçons atentos, apresentações dos pratos perfeitas e elegantes, e um sommelier amigável. Pra mim o ponto alto foi as entradas e as sobremesas inovativas, surpreendentes deste a textura ao sabor. Já para o meu marido, o ponto alto foram as carnes, tênues e saborosas.

O restaurante claramente é um local para comemorações, de noites especiais, já que possui um preço seletivo, para alguns quase proibitivo. O serviço, o local exclusivo, e os pratos fazem base ao valor pago, que valem a experiência. Existem sim outro restaurante maravilhosos em Florença, claro, mas a experiência de um três estrelas Michelin você só pode ter ali…

Eu posso dizer que um preço médio de uma jantar, sem contar com o vinho, seria em torno de 250/300 euros, o que é sim um valor substancial, que vale a pena provar. Ao final, a nossa conta foi de €555 como você pode ver no vídeo. Na saída, o maitrê ainda nos deu de presente 2 livros (veja no vídeo) e um doce de Montecattini, uma gentileza esse senhor, como todo o staff.

Algumas informações:

  • reserve sempre! Pode ser por telefone, email ou direto no site.
  • se vier no inverno, aproveite o período de trufas brancas
  • entre abril e outubro se você quiser jantar nos fins de semana, indico reservar com bastante antecedência, de 2 a 3 semanas.
  • alguns dias da semana há um pianista.
  • há estacionamento com manobrista
Enoteca Pinchiorri s.a.s.

di Giorgio Pinchiorri e Annie Féolde & C.
Via Ghibellina, 87
50122 Firenze (Italy) –  site
t.+39.055.242757 / 055.242777
f +39.055.244983
ristorante@enotecapinchiorri.com

Características:

Aceita reservas
não faz entrega
não faz embalagem para viagem
Aceita Cartão de Crédito
Indicado para crianças: não
Bom para grupos: pequenos grupos de amigos somente
Roupa: elegante e formal –  homens precisam estar de blaizer
bebida alcoólica: sim
área ao aberto: sim, uma área pequena
wi-fi: não
serviço à mesa: Sim
estacionamento: sim

Sobre Deyse RibeiroEu sou Deyse Ribeiro, proprietária e editora do Portal Tour na Itália, especialista em turismo na Itália, onde vivo desde 2007. Depois de muito estudo, cursos e experiência no campo do turismo enogastronômico, decidi que queria apresentar a história por trás do prato, de uma forma diferente, através da memória histórica, o que fez chegar hoje nas nossas mesas, os “casos”, o trabalho, a cultura, e o amor pela culinária italiana. Pegue o seu garfo e vamos nessa!

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