Azeite na Toscana: este ano uma triste notícia!

O mês de novembro é sempre caracterizado aqui na Italia como mês da recolha das azeitonas para fazer o azeite, é o período do “olio nuovo”. Mas este ano teremos menos azeite da toscana por ai.
P1050692_resultado
Ontem quando fui visitar o Chianti ouvi a triste notícia do Fernando, proprietário de uma vinícola que também produz azeite de oliva, de que não teremos produção de azeite este ano! Como assim???

O tempo:

Choveu muito este verão, dando assim a possibilidade da proliferação de parasitas como a mosca olearia (Bactrocera oleae) que penetra dentro das azeitonas criando assim larvas ao interno (veja foto abaixo), essas moscas em excesso acabam com toda uma produção.

a larva é essa coisa branquinha ao interno da azeitona
a larva é essa coisa branquinha ao interno da azeitona

Portanto, segundo o Fernando pouquíssimas fazendas conseguirão produzir azeite este ano, ele mesmo não irá produzir, e ainda outros 4 produtores da área do Chianti que eu perguntei não vão produzir nada este ano!!! Na área pisana, em Calci, também me foi confirmado que não haverá produção.

IMG_5597_resultado
o Fernando e suas oliveiras

Não é uma verdadeira tristeza! Nos jornais ha noticia é que este ano somente sera produzido 50% do azeite produzido no ano anterior, mas muitos acreditam que sera ainda menor, ja que serão canceladas produções inteiras de fazendas.

IMG_5591_resultado_1
infestada com as larvas, a azeitona escurece e começa a muxar ate cair

Fiz uma pequena pesquisa na internet e vi que grande parte da Italia também sofreu com as moscas, algumas conseguiram produzir, outras pouco.
O Fernando ainda me contou que essa infestação das moscas aconteceu em grande parte do mediterrâneo, algumas áreas conseguiram combate-la outras o tempo não ajudou muito como por aqui.
Algumas fazenda com altitude maior de 600 metros conseguiram produzir bem.

as azeitonas caixas no chão
as azeitonas caixas no chão

 

Cuidado ao comprar o azeite:

O jornal FirenzePoste.it divulgou 4 regras para se orientar ao comprar um azeite na Italia:

Etiqueta: na etiqueta deve constar a origem do azeite extra-virgem: italiano (se proveniente da Italia), comunitario UE (proveniente da União europeia), Extra UE (não pertencentes à UE), miscela di oli comunitari (mistura de azeites provenientes de varias partes da UE), miscela di oli comunitari ed extra comunitari (mistura de azeites provenientes de varias partes da UE e extra-UE). Geralmente esta informação é dada em letras bem pequenas e com pouco contraste com o fundo do rótulo.
Preço: azeite de oliva extra virgem de uma qualidade decente, embora derivado de uma mistura de várias partes do país, pode custar a prateleira para venda, menos de 4.50 ou  € 5.00 por litro. Os óleos ‘UE’ ou ‘não-UE “, mesmo misto, também são cotadas 2.50 ou € 3.00 por litro. Então, muito cuidado com ofertas particularmente convenientes que poderiam esconder práticas comerciais fraudulentas. Aqui na Toscana um bom azeite custa em media 20 euros por litro.
Promoções: ser cauteloso em campanhas publicitárias que oferecem azeite toscano, onde o produto é realmente apenas engarrafados por empresas estabelecidas na região, mas sua origem é bem diferente. Seja também cuidadoso de etiquetas com referências geográficas, símbolos e sinais atribuíveis a lugares conhecidos da Toscana, mas o conteúdo do que consiste em um produto de fora da região ou mesmo fora do país.
Qualidade: para o consumidor que quer ter a certeza de adquirir produtos de qualidade é melhor confiar em produção DOP / IGP, claramente visível no rótulo. DOP é denominação de origem protegida e IGP é indicação geografica protegido, duas denominações de garantia de uma produto alimentar na Itália. Neste caso, ele tem a garantia, bem como o ano de colheita (que deve ser comunicada por lei no rótulo), e ainda na área de origem das azeitonas e do processamento de petróleo, os processos que deve ocorrer dentro de ‘área geográfica protegida da designação.

vários tipos de azeite que eu tenho na minha casa e em este copinho azul é o copo de degustação de azeite profissional
vários tipos de azeite que eu tenho na minha casa e em este copinho azul é o copo de degustação de azeite profissional

Para ler a materia inteira em italiano clique aqui.

Degustação de azeite:

P1050203_resultado
Aproveitando o assunto do azeite, vou dar algumas dicas de como degustar um azeite. Ano ano passado participei de um curso de degustação de azeite oferecido pelo ASCOE – Associação de Degustadadores e cultivadores de Azeite extra virgem – e aprendi a degustar o azeite e ainda aprendi técnicas para verificar se o azeite é de boa qualidade.
P1050183_resultado
O curso foi longo e muito especifico, não caberia em poucas palavras neste texto, mas uma pequena ideia de como degustar seria:

  •  OLFATO: usar um copinho pequeno e esquentar o copo esfregando as mão, tampando a parte superior do copo, depois abra e sentira a armonia e equilibrio de aromas do azeite (boa qualidade), ou se sentir cheiro ruim como mofo, azedo, ou outros quer dizer que é um azeite de pessima qualidade.
esse é o copinho que ganhamos
esse é o copinho que ganhamos
  • VISAO: verificar no copo se ha alteração de cor, se é limpido, se ha detritos no fundo do copo, e se é fluido, tudo isso é levado em conta para medir a qualidade de um azeite.

P1050201_resultado

  • PALADAR: essa é pra mim a parte mais complicada de explicar porque envolve as papilas gustativas, mas resumidamente, ao degustar você não deve sentir sabor salgado (não ha sais minerais nem sal de cozinha, portanto não deve sentir gosto salgado), e se o azeite é fresco devera sentir depois de 4-5 segundos um sabor picante.

P1050194_resultado
O que eu mais amo no azeite da toscana é essa sensação de picante, que dura por até quase 6 meses depois de pronto o azeite.
E você, ja provou o azeite da Toscana?

Sobre Deyse RibeiroEu sou Deyse Ribeiro, proprietária e editora do Portal Tour na Itália, especialista em turismo na Itália, onde vivo desde 2007. Depois de muito estudo, cursos e experiência no campo do turismo enogastronômico, decidi que queria apresentar a história por trás do prato, de uma forma diferente, através da memória histórica, o que fez chegar hoje nas nossas mesas, os “casos”, o trabalho, a cultura, e o amor pela culinária italiana. Pegue o seu garfo e vamos nessa!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Experimente a Gastronomia Italiana