*Este post faz parte da Blogagem Coletiva de Gastronomia Italiana, a qual é promovida por blogueiras brasileiras residentes na Itália que durante as sextas-feiras de outubro vão publicar uma série de textos sobre especialidades da cozinha italiana.
O terceiro post é sobre um dolci, uma sobremesa.
Leia os outros posts:
– Entradas típicas Toscanas
– Primeiro prato: Tagliolini al tartufo bianco
A Toscana tem uma longa tradição culinária, mas nas sobremesas que ela demonstra toda a sua versatilidade. Vou então falar de 2 doces bem típicos de cidades diferentes da Toscana.
1. TORTA CO´BISCHERI: o sabor que vem de Pisa
Este bolo é originalmente de Pontasserchio e é uma especialidade típica de Pisa, nas áreas de San Piero a Grado, Vecchiano, e Marina di Pisa e ainda Lucca. Em Pontasserchio é tradicionalmente preparada em abril na feira da cidade, agora chamado Agrifiera, que cai no dia 28 do mês. Na ocasião, as senhoras preparam estes deliciosos bolos.
A primeira explicação para seu nome é que a palavra “bischeri” está se referindo as pontas do doce que faz a borda do bolo. De acordo com outra versão, a palavra “bischeri” se refere aos pinoli, que são um tipo de pinhão extraídos do pinheiro-manso (Pinus pinea), uma árvore difícil de ser cultivada, nativa da região do Mediterrâneo, que se assemelha a forma do órgão sexual masculino segundo a figura popular aqui na Toscana, ou ainda o “bischeri” pode se referir ao “marido chifrudo”.
A palavra também é também usada para se referir a uma pessoa de pouca astúcia e tem origens históricas. Diz-se que a rica família florentina de´Bischeri havia se recusado a vender sua propriedade na área onde o governo fiorentino decidiu que deveria ser construída a Catedral de Santa Maria del Fiore. A família rica se recusou repetidamente a proposta de venda para elevar o preço e, assim que a paciência do governo acabou, este assim ordenou a expropriação do palácio dos Bischeri, que receberam apenas uma compensação de poucos fiorinos (moeda da época). Esta história teria rendido o hábito do italiano de chamar uma pessoa de “bischero“, para se referir a ingenuidade e pouca astúcia em negócios. Hoje ainda temos uma rua com esse nome em Florença, que é a rua onde eles viveram!
A base do bolo é uma massa folhada caseira, não muito fina, enquanto que o recheio é preparado com o arroz, cacau, chocolate, ovos, açúcar, o Strega (licor típico), frutas cristalizadas, passas e enriquecida com algumas especiarias, tais como a noz-moscada. Tradicionalmente, é cozinhado em um forno a lenha. A produção com a marca Torta Co´Bischeri está firmemente regulada por uma marca de qualidade e propriedade dos municípios de San Giuliano Terme e Vecchiano, que estabelece o método de processamento, ingredientes e quantidade, e ainda o regulamento prevê para bolos da marca, o uso de pinoli da área de Pisa, farinha tipo 00, arroz nacional parboilizado, tudo isso para apresentar um produto igual ao que era preparado pelas famílias de Pontasserchio, de acordo com a tradição.
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2. BRIGIDINI: o biscoito de Lamporecchio
Este doce, como conta o gastrônomo Pellegrino Artusi, “é um doce ou melhor, um brinquedo especial, a maneira toscana, que é encontrado em todas as feiras e festivais do país e é cozinhado em meio ao público na forma de waffles finos”. De cor amarelo-laranja são muito frágeis e grandes, cerca de 7 cm de diâmetro, são feitos com açúcar, farinha, ovos e anis, embora nas receitas tradicionais.
Porque falar sobre brigidini? Por que é o único doce de feira que eu adoro! Principalmente na versão de chocolate! Eles também são chamados de “cicalini” o “cialde”, originários Lamporecchio, um encantadora cidade na província de Pistoia.
Em Lamporecchio, onde a receita foi passada de geração em geração, muitas lojas de artesanato que se especializam na produção dos brigidini e a Pasticceria Carli é definitivamente uma das mais antigas e mais conhecidas do país. O negocio começou no final do século passado com a venda de brigidini, frutas frescas e secas, com o tempo a Pasticceria Carli se especializou nos brigidinis, entregando o negócio de pai para filho.
De 1800 até hoje, a receita dos brigidini, manteve-se praticamente inalterada com relação aos ingredientes: os ovos, a farinha, o açúcar e anis e, uma vez formada as bolas, esquentava-se em uma forma redonda, mas muito maior do que no presente, e isso até a década de 40, então passaram a ser cozidos em impressão á quente com eletricidade até que, só em 1980, um senhor de Pieve a Nievole inventou a impressão de brigidini, o stampobrigidini.
No vídeo abaixo você pode ver a máquina em ação.
Buon appetito!!!
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Na próxima semana tem mais textos sobre a culinária italiana!
Os outros Blogs participantes:
Leia os outros posts:
– Entradas típicas Toscanas
– Gastronomia Toscana: o Vin Santo Toscano
Por gentileza, pode me enviar um pacote com todas essas iguarias, por gentileza? 🙂
Abraços,
Pra ja senhora! Me passa o endereço! Kkkk.. Adorei te conhecer! Bjo grande!
Nossa Deyse, acredita q nunca experimentei os brigidini??? Mas devem ser bons… baci
São bons sim Denya, tem sempre nas feiras, experimente. abs
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Minha avó fazia um doce italiano de massa frita em formato redondo como uma flôr e depois de frito passava numa calda de mel aqui conheciamos como sfolhateli se tiver a receita gostaria de tela
Ola Julio, eu não conheço esse doce não, me desculpe.
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