Entre os mares Mediterrâneo, Jônico e Tirreno, nasce a Sicília, uma ilha, que foi invadida por muito tempo por cartagineses,  normandos, árabes, romanos, gregos e espanhóis, tanto que nela foi desempenhado um papel de extrema importância na história da República, tendo sido ao longo de vários anos, o principal ponto de comércio. 

A Sicília muitas vezes não parece ser uma das regiões italianas, pois possui uma grande mistura de raças, costumes e tradições. No entanto, pode ser por essa razão que seus habitantes se autodenominam ‘sicilianos’, e depois italianos. 

Palermo é a capital da Sicília, que além de ser uma cidade de contrastes, possui um patrimônio ‘monumental’ com cerca de 50 palácios e mais de 80 igrejas. 

A ilha consiste em nove províncias: Trapani, Agrigento, Catania, Taormina, Caltanissetta, Ragusa, Messina, Siracusa e Palermo (a capital). A beleza espetacular das cidades da Sicília impressiona, assim como o grande número de habitantes e lugares a serem explorados, ou seja, se você passar pela Itália, faça uma ‘pequena’ viagem à Sicília.

Aliado a isso, a cozinha siciliana é um mosaico colorido que mistura cores, aromas e sabores. Uma riqueza gastronômica, fruto da colonização de diferentes povos. 

Por ser uma ilha, o marisco é destaque ao lado das massas e vegetais. Como as terras vulcânicas são muito férteis, produzem-se laranjas e limões muito saborosos, alcaparras e fabulosos azeites. 

Também são famosos os pratos à base de sardinha, pescados em abundância na extensa costa siciliana, como o sarde al vino bianco (sardinha com vinho branco). Ao lado de peixes e frutos do mar, o siciliano é mestre na preparação de antepastos feitos com uma grande variedade de vegetais, sendo os principais pimentões, berinjelas, abobrinhas e tomates. É a melhor caponata do mundo. 

Onipresente nas cafeterias da ilha, o arancino siciliano é uma gastronomia italiana clássica. É um bolo de arroz frito recheado com diferentes sabores, mas o mais interessante de tudo, é que tem uma história muito antiga!

Não importa a região da Sicília que você vá: se você está procurando um lanche, sempre encontrará os arancini. Os conhecidos “bolinhos de arroz” sicilianos, também podem ser recheados com carne, ragù (molho à bolonhesa), manteiga, espinafre, ou até mesmo com tomate e berinjela. O último recheio é mais conhecido em Catânia e nos arredores.

No entanto, também existem versões e gourmets mais criativas que incluem, além de arroz e açafrão, pistache, cogumelos, linguiça, gorgonzola, salmão, frango, espadarte, frutos do mar, pesto, camarão e tinta de lula.

A história do arancino siciliano

É precisamente a presença do açafrão e da carne que sugerem que as origens do arancino remontam ao domínio muçulmano na Sicília (do século 9 ao 12), porque os árabes comiam arroz, açafrão temperado com carne, ervas e vegetais.

Porém, de acordo com algumas teorias, o fato de ter se tornado um biscoito empanado se deve a outro fator. Aparentemente, uma pessoa ilustre da corte do rei Frederico II (ou do próprio rei, não se sabe ao certo) adorou este prato árabe.

Na verdade, ele gostou tanto, que quis levá-lo a todo custo em suas viagens. Então, para facilitar o transporte e o armazenamento, tiveram a ideia de fazer bolinhos com arroz, empanar e fritar, o que facilitou o transporte e o armazenamento.

Arancino ou Arancina?

O arancino tem esse nome porque o seu formato lembra uma laranja. Em italiano, a laranja é chamada de “arancia”. No entanto, há uma disputa regional sobre o nome do bolinho: uma parte o chama no masculino, e outra parte no feminino.

De fato, na Sicília ao leste e em outras regiões da Itália são conhecidos como arancino (no plural arancini), no masculino, e assim a escritora Andrea Camilleri também o nomeou em seus romances. Entretanto, em Palermo e nas cidades localizadas no oeste da ilha, o bolinho é conhecido como arancina, no feminino.

Toda essa luta vem do fato do povo de Palermo dizer que se o nome vem de arancia, palavra feminina, então o certo deveria ser arancina. Sendo assim, no dialeto siciliano, a laranja é masculina, arànciu.

E como o italiano não era a língua oficial da Sicília até a Unificação da Itália em 1860, as pessoas do leste da ilha defendem a palavra no masculino.

Arancino siciliano: as formas

Para diferenciar os sabores, as lanchonetes costumam dar formatos diferentes aos arancini: alguns são muito redondos, outros são mais achatados. Porém, nas cidades do leste da Sicília e em outras regiões da Itália, você verá um arancini com uma forma cônica muito peculiar, que lembra uma coxinha!

A receita e como preparar

Que tal tentar a fazer arancini em casa? Aqui vai a receita para você levar um pouco do delicioso sabor da Sicília para a sua mesa!

Ingredientes:

  •  500g de arroz para risotto
  •  1 litro + 1 copo de água
  •  50g de manteiga
  •  1 colher de sopa de sal
  •  1 pitada de açafrão

Para o recheio de ragù

  •  1 cebola pequena
  •  ½ cenoura
  •  1 folha de louro
  •  250g de carne moída
  •  50ml de vinho branco
  •  1 colher de sopa de extrato de tomate
  •  Sal e pimenta-do-reino à gosto
  •  100g de caciocavallo em pedacinhos (ou um queijo de sua preferência)

Massa

Despeje todos os ingredientes em uma panela de preferência que seja grande, e cozinhe tudo com o fogo médio, sem mexer. Quando a água secar e o arroz estiver cozido, desligue o fogo e deixe esfriar.

Recheio

Pique a cenoura e a cebola com espessuras bem finas e refogue na panela com um pouco de azeite. Depois de alguns minutos, coloque a carne moída, e misture bem. Aumente o fogo e em seguida, acrescente o vinho. 

Deixe evaporar e coloque a folha de louro, diluído em uma xícara de água morna coloque o extrato de tomate.

Coloque à carne mais 2 copos de água, pimenta-do-reino e o sal. Deixe cozinhar, até que a carne fique bem suculenta. Espere esfriar um pouco e coloque o queijo, misture muito bem.

Depois que o arroz estiver frio, deixe as suas mãos úmidas, pegue a quantidade desejada (os arancini normais são do tamanho de uma laranja) e faça uma bola com as mãos.

Coloque o recheio de carne, certifique-se de fechar a bola bem, de modo que não saia o recheio. 

Deixe os arancini no leite e em seguida passe na farinha de rosca.

Frite-os em abundante óleo até que atinja a cor dourada.

Esse processo é a forma tradicional de conservar frutas para a mesa de Natal e dar um toque quase tropical à comemoração.

3 pedidos típicos para experimentar na Sicília

Limões famosos (e cítricos em geral), berinjelas exuberantes, tomates suculentos e douramento de açafrão são herdados do clima ameno da Sicília. Eles brotam daquele solo cor de areia com a maior generosidade. E, claro, tem peixes e frutos do mar, cordeiros … A culinária siciliana é a cara da ilha: linda, deliciosa e precisa. 

Comer na Sicília é um encontro com a simplicidade e, ao mesmo tempo, uma conversa ao pé do ouvido com o sublime, além das sobremesas e pratos típicos serem deliciosos! Confira 3 pedidos típicos diversos para experimentar na cidade:

1. Amaretti

Este é um doce siciliano muito tradicional, com origens no século XII, um exemplo da doçaria conventual da ilha. Dizem que o pioneiro na preparação do amaretti foi o Convento della Martorana, em Palermo.

O biscoito é feito de pasta de amêndoa, com um discreto toque de açúcar (daí o nome: amaretto significa “amargor”). 

2. Vinho Marsala 

O vinho Marsala é perfeito para acompanhar um queijo forte, mas também pode ser combinado com sobremesas. Ele se casa bem com uma linda tiramisù (que tem origem no Vêneto, nada a ver com a Sicília). 

O vinho é produzido na periferia da cidade siciliana de Marsala e tem uma história semelhante à do Porto e do Sherry, já que também foi desenvolvido por produtores ingleses (aparentemente, os britânicos não resistem ao vinho fortificado). 

O vinho Marsala começou a ser produzido no século XVIII. Além de ser famoso como aperitivo, é a base de zabaione e creme de gema de ovo.

3. Pasta alla norma

Este é outro clássico da culinária siciliana, macarrão (geralmente rigatoni, mas também espaguete) com molho de tomate e berinjela e toques de manjericão. Afinal, com esses três itens, o que pode acontecer de errado?

Reza a lenda que o molho alla norma é inspirado na ópera Norma, de Belinni. 

Aposto que você está mais disposto para conhecer a Sicília, certo? Sim, a gastronomia é um dos pontos mais incríveis da Itália. Talvez seja sempre uma surpresa, porque ouvimos “comida italiana” e logo pensamos em massas e deliciosos vinhos.

Mas os italianos não vivem só de massa, pelo contrário. O país é um livro de receitas daqueles que todos gostariam de se encontrar!

E você, quer experimentar todas essas delícias? Aproveite! Temos um serviço de guia em português na Sicília, serviço de transporte com motorista e também passeios gastronômicos para conhecer e degustar a região!

Sobre Deyse RibeiroEu sou Deyse Ribeiro, proprietária e editora do Portal Tour na Itália, especialista em turismo na Itália, onde vivo desde 2007. Depois de muito estudo, cursos e experiência no campo do turismo enogastronômico, decidi que queria apresentar a história por trás do prato, de uma forma diferente, através da memória histórica, o que fez chegar hoje nas nossas mesas, os “casos”, o trabalho, a cultura, e o amor pela culinária italiana. Pegue o seu garfo e vamos nessa!

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